A indisciplina, é um dos temas mais polémicos na escola. As crianças de hoje, vivem rodeadas de uma longa selva de cimento, onde faltam espaços para a prática desportiva e onde impera o asfalto, a poluição e a nova tecnologia.
Aos miúdos da nossa sociedade, faltam hoje experiências motoras das crianças de antigamente, onde a exercitação era constante e espaço não faltava. O constante ir e vir dos automóveis, as filas do autocarro para a escola, a viagem da escola para casa, as aulas desmotivantes onde permanecem quarenta e cinco ou noventa minutos sentados, o facto dos alunos preferirem passar o tempo a jogar jogos de consola ou até mesmo no computador, contribuem para a acumulação de irritações e frustrações, que serão postas em evidência na escola.
Como o meio de interacção é a escola, esta é automaticamente afectada pelas tensões e desequilíbrios da sociedade envolvente e, por isso, verifica-se a indisciplina que perturba a vida das escolas como o reflexo dos conflitos e da violência da sociedade em geral.
No entanto, não se trata apenas de falar da relação da escola com o meio. O próprio ensino, também está extremamente “carregado” de tensões e desequilíbrios que têm o seu efeito nefasto nas escolas. As turmas numerosas, a carência de instalações, a falta de equipamentos didácticos adequados, a fraca remuneração do pessoal docente, taxas enormes de insucesso escolar, são algumas das causas para a ocorrência da indisciplina e até mesmo da delinquência juvenil.
Penso que a resposta a esta situação, passa reflectir e tentar compreender o “porquê” da indisciplina. Os jovens são indisciplinados devido aos acontecimentos do dia a dia e que acaba por influenciar o seu próprio comportamento.
Por outro lado, a indisciplina só é considerada se alguém o detectar. Aqui o professor tem um papel preponderante, assumindo-se como um “juiz” desses comportamentos e como tal terá, forçosamente, terá um papel activo que passa, justamente, por ter também um comportamento disciplinado.
A disciplina não pode ser apenas um sistema de regras e de sanções que visa estabelecer a ordem no seio de um grupo social. Deve estar antes, ligada aos objectivos da Educação para que, por um lado, se recupere a autoridade do professor (actualmente questionada) e, por outro lado, o ensino não cause frustrações nem desmoralize.
A escolha deste tema, para o blog, baseou-se em alguns problemas que vão ocorrendo durante as minhas aulas, devido a vários comportamentos de desvio e devido às constantes noticias de agressoes a professores.... Espero pela vossa participação para conversar um pouco sobre este assunto. Obrigada pela vossa disponibilidade!
4 comentários:
Querida Suelly (permite-me o abuso de confiança para te tratar assim).
Como sabes, também eu fui professor nos anos noventa. Vi que após o 25 de Abril, os alunos passaram de uma opressão de professores "incultos" e prepotentes, para uma situação em que o professor é um mero instrumento nas mãos de alunos e progenitores (desculpa, mas não consigo usar a palavra "educadores"). Na fabulosa Escola onde leccionei (Escola Secundária de Canas de Senhorim), encontrei um excelente grupo de alunos, professores, encarregados de educação, pessoal auxiliar e população em geral. Fui feliz sem dúvida. No entanto, não resisto a contar o que aconteceu numa reunião de pais com a Directora de Turma, onde estive presente. Uma mãe, extremamente ofendida por o seu filho obter más notas na disciplina leccionada pela Directora de Turma (uma Senhora de baixa estatura) dizia: "Como é que a Srª pode impor respeito, se com a altura que tem, não tem cara para levar uma bofetada, nem capacidade para dar uma ao meu filho?".
Embora estive unica e exclusivamente no papel de observador, não me contive e disse: "Minha Senhora! Se acha que é esse o caminho, aqui estou para levar uma bofetada do seu filho (se me conseguir dar) e também para lhe dar a ele e a si, as que forem necessárias". A referida senhora, calou-se de vez. Sei que errei, mas não me arrependo.
Um (respeitoso) beijo Senhora Professora.
Excelente tema.
Felizmente no pouco tempo que até agora dei aulas(4 meses) não tive qualquer tipo de problema com os alunos.
Mas tudo aquilo que se tem passado acho que se deve ao M. educação e aos pais. Nessa curta experiência apareceu-me um pai na sala de aulas(logo num dos meus primeiros dias) porque um aluno meu tratou mal o filho. Então o pai quis ir fazer justiça pelas próprias mãos. Mas a situação resolveu-se. Com pais assim como podem os alunos ter educação?
Conheço situações de pessoas que não deixaram ir os filhos para o futebol porque iam aprender coisas más com más companhias, esquecendo-se que a Escola é hoje em dia o local onde mais se aprende a andar pelos maus caminhos.
Quando andava no 1ºciclo se o nosso comportamento fosse mau lá vinha uma reguada ou uma chapada e se fosse preciso os pais ainda diziam aos profs para dar mais se os alunos fizessem por o merecer. E hoje?
Também devo dizer que sempre houve violência, e na minha altura de aluno do 1º ciclo não era excepção. Não havia dia nenhum que não existisse luta de pedradas na estrada perto da escola entre os de Santar e os de Casal Sancho. Nós perdiamos(Casal Sancho) sempre porque eramos poucos. Felizmente nunca ninguém se aleijou, mas...
A única diferença está no retirar de poderes aos professores e no facto de cada vez mais os pais não terem educação. qualquer dia colocam os putos o dia todo na escola à espera que sejam os professores a dar educação aos filhinhos.
ups e já agora desculpa lá o testamento :)
não ha problema bao! é sempre bom comentarem... Também estou ha pouco tempo a leccionar(8 meses) nas actividades extra curriculares do 1º ciclo e ja tive uma situação muito má... o aluno praticamente passa-se da cabeça e parte para agressão verbal e fisica.. a minha sorte é que ainda imponho algum respeito nele e consegui segura-lo a tempo de fazer o pior. resumindo... a mae tirou-o da minha aula no 2º periodo e voltou agora no 3º periodo com a minha permissão(depois da professora titular ter falado comigo) e com um pedido de desculpas em frente a toda a gente. Não sei se resultou mas, o facto é que no primeiro dia de aulas deste periodo o aluno cumpria calmamente e sossegadamente tudo o que lhe é pedido, sem grandes atitudes de revolta ou algo parecido como mantinha nas aulas anteriores...
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